A especialista de RI da Itaúsa compartilha aprendizados, desafios e a evolução da comunicação com investidores em um cenário mais dinâmico e estratégico
A MZ, com apoio do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI), apresentou em 07 de abril, às 11h, mais um episódio do IR Talks, o primeiro talk show do mercado de capitais. No programa, Cássio Rufino, CFO & COO da MZ, recebeu Fernanda Brienza para mais uma conversa enriquecedora.
Fernanda Brienza cresceu em uma família que sempre incentivou a liberdade de escolha e o pensamento crítico. Filha de professores, o pai, economista, e a mãe, musicista empreendedora, ela destacou como esse ambiente contribuiu para sua formação: “Eles me ajudaram a pensar fora da caixa”, contou.
A entrada em RI aconteceu de forma não planejada. “Meu primeiro estágio foi em tesouraria, porque sempre gostei de lógica. Mas depois recebi um convite para estagiar em RI, mesmo sem saber muito o que era. Fui atrás, pesquisei, achei superinteressante e mergulhei.” E Fernanda começou a trilhar seu caminho com o pé direito: logo no início da carreira, ela teve a oportunidade de trabalhar ao lado de Diego Barreto, hoje CEO do iFood. “Ele confiava na equipe de uma forma única. Com 23 anos, fiz minhas primeiras viagens internacionais representando a área de RI, e foi com ele que aprendi a construir essa função do zero. Foi um divisor de águas.”
Com o tempo, Fernanda conta que percebeu o quanto a área de Relações com Investidores era estratégica. “Você transforma os números em storytelling. Mostra como as decisões impactam nos resultados e precisa saber traduzir isso para diferentes públicos”. Além da bagagem técnica, ela entendeu que o bom profissional de RI precisa reunir conhecimentos diversos, de contabilidade a legislação, e ter a habilidade de conversar com todas as áreas da empresa. “Você aprende com o jurídico, com a controladoria, com o time de produto. RI é uma área que te dá acesso a tudo e a todos”, afirmou.
Hoje, na Itaúsa, Fernanda atua em um ambiente dinâmico e desafiador. Por ser uma holding com diversas investidas, a comunicação precisa ser ainda mais bem estruturada. “Eu achava que, por ser uma holding, o trabalho seria mais simples, mas é exatamente o contrário. Temos que alinhar a mensagem com todas as investidas, garantir coerência, respeitar os prazos e traduzir nossa visão estratégica para o mercado. Tudo é milimetricamente orquestrado”, explicou.
Para ela, adaptar a mensagem ao público é essencial. “O investidor institucional espera uma comunicação direta, técnica e estratégica. Já a pessoa física precisa de algo mais didático, assertivo e multicanal. Por isso usamos vídeos, newsletters, redes sociais… cada formato é pensado para ser o mais claro e relevante possível para cada audiência”, contou.
Fernanda destacou também o papel fundamental da parceria entre RI e Comunicação dentro da Itaúsa. “Nossas redes sociais nunca foram criadas para vender produto, mas para nos comunicar com os acionistas. E a área de comunicação nasceu dentro do RI. Hoje estamos em áreas diferentes, mas seguimos absolutamente conectados. Não existe RI sem Comunicação e vice-versa”, afirmou.
Ao longo da conversa, Fernanda relembrou com carinho os mentores que marcaram sua trajetória. Além de Diego Barreto, citou Michele Corda, sua líder na época de Suzano. “Ela era muito organizada, firme, inspiradora. Me levou para congressos internacionais e me ajudou a estruturar minha rotina de uma forma mais estratégica. Carrego os aprendizados dela comigo até hoje”, compartilhou.
Sobre o cotidiano na área, ela foi direta: “Não existe tédio em RI. É uma rotina intensa, dinâmica e cheia de imprevistos. Quem me conhece sabe que eu adoro uma lista de tarefas, mas é difícil chegar ao fim dela sem surgirem novas prioridades ao longo do dia”. Mesmo com a correria, Fernanda faz questão de se conectar com as áreas internas da empresa. “O RI não pode ficar isolado. É preciso andar pela empresa, conversar com as pessoas, entender os diferentes pontos de vista. Todo mundo tem uma parte da história para contar”, reforçou.
A profissional também falou sobre a importância da escuta ativa com o mercado. “Depois de cada evento, fazemos pesquisas de satisfação para entender a percepção dos investidores. Levamos esses insights ao conselho e usamos como base para aprimorar nossa comunicação”, explicou.
Com relação à tecnologia, ela revelou que a Itaúsa está dando passos importantes. “Estamos em uma jornada de inteligência artificial com todos os colaboradores. Acredito que o RI tem muito a ganhar com IA: desde automação de relatórios até análise de sentimentos e personalização de mensagens”, disse.
Ao final da conversa, Fernanda compartilhou o que acredita serem as características fundamentais para quem deseja crescer em RI: bom relacionamento interpessoal, curiosidade e aprendizado constante. “O RI depende de muitas áreas, então você precisa saber se conectar. E mais do que isso, precisa se atualizar sempre. A legislação muda, o mercado muda, e você precisa acompanhar. É uma jornada contínua”, concluiu.
O episódio ainda contou com muitas outros temas importantes para o universo de relações com investidores. Não deixe de conferir na íntegra!