Os investidores atuais compreendem os benefícios do investimento em ESG e exigem relatórios de ESG. Porém, quais são as tendências emergentes de investimento sustentável que devem ser observadas em 2022?
A divulgação sobre sustentabilidade está gradualmente, mas certamente tornando-se obrigatória mundialmente e faz parte do relatório integrado abrangente. Empresas dos mais variados portes enfrentam um maior controle por parte dos investidores, os quais se sentem responsáveis pelas práticas de ESG dos seus investimentos.
A regulamentação também é mais rigorosa, visto que os países por todo o mundo exigem relatórios climáticos obrigatórios após a COP26. A Financial Conduct Authority (FCA) recomenda às empresas que “cumpram ou justifiquem” as divulgações climáticas no Reino Unido. A FCA divulgou um conjunto de regulamentos definitivos determinando que os gestores de investimentos, fundos de pensões, seguradoras de vida e empresas listadas na bolsa devem passar a fornecer à Taskforce on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), que será implementada a partir de 1 de Janeiro de 2022 para grande empresas. As autoridades financeiras do Reino Unido declararam, como parte das novas políticas mandatórias, que “melhores divulgações corporativas permitirão informar os preços do mercado e apoiar as decisões empresariais, de risco e de alocação de capital”. A Singapore Exchange anunciou a obrigatoriedade da divulgação sobre clima e a diversidade. No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau iniciou um movimento de divulgação obrigatória de informações financeiras relacionadas com o clima, juntamente com diversas outras iniciativas para possibilitar ao país alcançar o seu objetivo de migração para uma rede zero até 2050. Estes são apenas alguns exemplos das alterações no cenário atual que os emissores poderão encontrar em breve.
A expectativa para 2022 consiste na adoção de boas práticas de divulgação de ESG também por micro e pequenas empresas, pois os investidores esperam sustentabilidade nas suas decisões de investimento. Os reguladores preveem que até empresas de menor porte serão incluídas nos anos seguintes. Por exemplo, a União Europeia exigirá relatórios integrais de ESG a 50.000 empresas públicas e privadas em 2023 (inclui microempresas e de porte acima). O primeiro relatório ESG (Board diversity) será obrigatório para todas as empresas listadas na NASDAQ a partir de 2022. Além da obrigatoriedade, considera-se agora uma boa prática incluir pelo menos alguns slides com dados de ESG em um formato padronizado e acessível ao público para atrair novos e potenciais investidores, e não somente aqueles com exigências de ESG.
Enfim, as empresas compreendem que investir na análise baseada em ESG é do seu interesse, visto que ajuda a mitigar o risco. Conforme a BofA Quantitative Research, desde Junho de 2020, 90% das falências do S&P 500 ocorridas entre 2005 e 2015 poderiam ter sido evitadas com o rastreio de empresas classificadas com baixos níveis de ESG nos cinco anos anteriores. As agências de classificação atribuem uma avaliação superior às empresas com relatórios ESG, e o desempenho do preço das acções tende a ser menos volátil e proporciona retornos acima do mercado. Um estudo da McKinsey realizado com mais de 2.000 casos demonstrou uma correlação positiva de 65% entre o desempenho acima da média e a implementação de ESG. O ESG também ajuda a evitar o greenwashing acidental e a publicidade enganosa. Por fim, os consumidores tendem a comprar mais de empresas alinhadas com os seus interesses e valores.
Amanda Munhoz
Sócia da MZ
amanda.munhoz@mzgroup.com