No dia 14 de outubro, o Itaú BBA promoveu o evento Macro Vision 2024, com o objetivo de discutir as principais perspectivas e temas relevantes para o mercado de capitais. A programação contou com sete painéis, que abordaram questões macroeconômicas globais, as eleições presidenciais nos Estados Unidos, riscos fiscais, inteligência artificial, entre outros tópicos importantes.
A MZ, comprometida em empoderar o profissional de Relações com Investidores, seja com tecnologia de ponta e atendimento excepcional, seja através da disseminação de conteúdos relevantes como esse, irá compartilhar resumos de cada painel do evento. O sexto painel contou com a presença de Rogério Xavier, da SPX Capital, Bruno Serra, do Itaú Asset Management Janeiro, e Mariana Dreux, da Itaú Asset Management Yield Plus, que abordaram temas como o cenário global, com destaque para os Estados Unidos, a Europa e a China, e os desafios internos que o Brasil enfrentará, especialmente no que diz respeito às políticas fiscais e à taxa de câmbio.
Perspectivas para a economia dos Estados Unidos
O painel começou com uma análise sobre a política monetária dos Estados Unidos e os potenciais impactos da eleição presidencial de 2024. A discussão indicou que o Federal Reserve (Fed) já iniciou um ciclo de cortes nas taxas de juros, mas a incerteza sobre o ritmo e a magnitude desses cortes permanece. Com a inflação começando a se aproximar da meta de 2%, o mercado está dividido entre o corte de 25 ou 50 pontos base nas próximas reuniões. No entanto, o mais importante é que o ciclo de afrouxamento já começou, e os gestores se concentram em entender até onde esse ciclo pode ir.
A política econômica dos Estados Unidos em 2025 dependerá fortemente do resultado da eleição presidencial de 2024. A possibilidade de diferentes cenários – seja uma administração republicana ou democrata – implica em trajetórias muito distintas para a economia americana. Um governo republicano mais rígido em relação à imigração e comércio poderia influenciar diretamente a política fiscal e o crescimento econômico, criando um ambiente de maior volatilidade no mercado financeiro. A dificuldade de prever o resultado das eleições torna o posicionamento dos gestores mais cauteloso, uma vez que cada candidato tem uma abordagem econômica completamente diferente.
Além disso, a economia dos Estados Unidos tem mostrado sinais de resiliência. Apesar de um leve aumento na taxa de desemprego, o crescimento do PIB no último ano foi de cerca de 3%, com fortes sinais de recuperação no mercado de trabalho. Isso sugere que, mesmo com taxas de juros altas, a economia americana permanece robusta. No entanto, há a expectativa de que o Fed continue a ajustar suas políticas com base nos dados, e qualquer surpresa nos números de emprego ou inflação pode mudar rapidamente as expectativas de mercado.
Cenário global: China e Europa
O painel também analisou as perspectivas para a China e a Europa, com uma visão mais pessimista em relação a essas economias. Na China, o modelo de crescimento baseado em exportações e investimentos parece estar perdendo fôlego, e as políticas de estímulo recentemente anunciadas não têm sido suficientes para reverter o quadro de desaceleração econômica. O país enfrenta problemas estruturais graves, como o esgotamento do modelo de crescimento voltado para a oferta, a fraca demanda doméstica e o aumento das tensões comerciais com o Ocidente. A dependência da China por exportações baratas, especialmente em setores como o de carros elétricos, está impactando negativamente a competitividade de outras economias, como a Alemanha.
No caso da Europa, o cenário é ainda mais desafiador. A região enfrenta um crescimento econômico anêmico, com dados econômicos “tenebrosos”, especialmente na Alemanha. A crescente dependência da Europa em relação à importação de bens chineses, combinada com a estagnação no crescimento interno, cria uma situação de grande fragilidade. O modelo de crescimento europeu, especialmente o da Alemanha, está sendo questionado, e a perspectiva de novas tarifas comerciais e restrições aumenta as incertezas para o futuro da economia europeia.
Além disso, foi discutido que o diferencial de juros entre os Estados Unidos e a Europa tende a aumentar. Enquanto o Fed pode desacelerar o ritmo de corte de juros, a Europa provavelmente terá que manter políticas de estímulo por mais tempo. O juro neutro da Europa é considerado mais baixo do que o dos Estados Unidos, o que implica que a Europa poderá manter taxas abaixo de zero por mais tempo do que o previsto, com implicações diretas para o euro e para o crescimento da região.
Os desafios do Brasil: Selic, inflação e fiscal
No Brasil, o debate se concentrou nos desafios fiscais e na política monetária. O Banco Central do Brasil foi um dos primeiros no mundo a iniciar um ciclo de alta de juros após a pandemia e, em 2023, também foi um dos primeiros a começar a flexibilização monetária. No entanto, a questão fiscal permanece como o maior desafio para o controle da inflação e para a sustentabilidade econômica do país. Embora as expectativas de inflação estejam ancoradas, os dados fiscais indicam uma situação complicada, com aumento nas despesas e pouca margem para ajuste.
Um dos pontos mais debatidos foi o efeito das políticas fiscais sobre a inflação. Programas de estímulo, como o “Pé de Meia” para estudantes, que estão fora das despesas primárias, foram criticados por sua falta de transparência e pelo impacto que têm sobre a dívida pública. Muitos gestores veem esses programas como uma forma de “gasto invisível”, que não aparece nos resultados fiscais, mas que aumenta o volume de dinheiro em circulação na economia, pressionando a inflação e exigindo taxas de juros mais altas para manter o equilíbrio.
Com a economia brasileira crescendo acima do potencial, e o desemprego em níveis mínimos, há uma sensação de que o Banco Central terá que manter a taxa Selic em um patamar mais alto do que o previsto pelo mercado. Além disso, a perspectiva de novas medidas fiscais e a ausência de reformas significativas no curto prazo indicam que o Brasil pode continuar enfrentando dificuldades para atingir a meta de inflação de 3%. A discussão também abordou o impacto de fatores externos, como a desaceleração da economia chinesa e as tarifas comerciais, que podem afetar diretamente o desempenho das exportações brasileiras e a balança comercial.
O futuro do câmbio e as perspectivas para 2025
O comportamento do real frente ao dólar foi outro tema importante no painel. Em 2023, o real teve um dos piores desempenhos entre as moedas globais, pressionado pela piora das contas externas e pelo aumento das importações, que estão impulsionadas pelo forte crescimento da demanda interna. Com a balança comercial em declínio e o aumento das incertezas fiscais, a expectativa é de que o real continue sob pressão em 2025.
Além disso, a relação entre o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos também foi abordada como um fator que pode influenciar a taxa de câmbio. Embora o Banco Central do Brasil tenha iniciado um ciclo de flexibilização monetária, as condições fiscais e o aumento da demanda interna sugerem que as taxas de juros no Brasil terão que permanecer mais altas do que o previsto. Por outro lado, se o Fed continuar com cortes nos juros, isso pode criar uma janela de valorização para o real, embora os gestores tenham destacado que o dólar deve permanecer forte globalmente, limitando essa valorização.
Resumindo em um parágrafo ou mais
O painel Gestores e as Perspectivas para 2025 trouxe uma visão ampla e detalhada dos desafios que o Brasil e o mundo enfrentarão nos próximos anos. A política monetária dos Estados Unidos, a desaceleração da China e os problemas estruturais da Europa criam um cenário de incertezas globais, que afetam diretamente o Brasil. Internamente, a política fiscal continua sendo o maior obstáculo para o crescimento sustentável e o controle da inflação, e a taxa de câmbio deve continuar sob pressão devido aos desequilíbrios nas contas externas.
Os gestores concordam que, apesar dos desafios, há oportunidades para quem souber navegar nesse ambiente de alta volatilidade e incerteza. A cautela será essencial, especialmente em relação aos eventos políticos e econômicos globais que podem afetar diretamente o desempenho dos mercados emergentes. As eleições nos Estados Unidos, o comportamento do Fed e as políticas fiscais no Brasil serão os fatores determinantes para as estratégias de investimento nos próximos anos.
Esperamos ter ajudado com esse resumo do painel e estamos sempre à disposição!
Equipe Comunicação Externa & Pesquisa MZ
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