No dia 14 de outubro, o Itaú BBA promoveu o evento Macro Vision 2024, com o objetivo de discutir as principais perspectivas e temas relevantes para o mercado de capitais. A programação contou com sete painéis, que abordaram questões macroeconômicas globais, as eleições presidenciais nos Estados Unidos, riscos fiscais, inteligência artificial, entre outros tópicos importantes.
A MZ, comprometida em empoderar o profissional de Relações com Investidores, seja com tecnologia de ponta e atendimento excepcional, seja através da disseminação de conteúdos relevantes como esse, irá compartilhar resumos de cada painel do evento. O quarto painel contou com a presença de Jon Lieber, Chefe de Pesquisa e Diretor para os EUA do Eurasia Group e trouxe uma análise detalhada sobre os impactos que as eleições presidenciais nos Estados Unidos podem ter tanto no cenário geopolítico quanto na economia global.
As discussões se concentraram nos desafios enfrentados pelos candidatos, nas características particulares do processo eleitoral norte-americano e nas possíveis implicações das eleições para as políticas internas e externas do país. Entre os temas abordados, destacaram-se a questão dos estados-pêndulo, os desafios da política migratória, as divergências sobre a política econômica, e as possíveis repercussões para as relações com China e Rússia, além do impacto na OTAN e nas disputas militares em curso.
Incertezas sobre o resultado das eleições
O painel começou destacando que as eleições americanas são marcadas por grande incerteza, especialmente em um ciclo eleitoral onde o atual vice-presidente enfrenta um ex-presidente impopular, resultando em uma corrida acirrada. A dinâmica dos estados-pêndulo foi amplamente discutida, com destaque para estados como Flórida, Pensilvânia, Michigan, Geórgia e Arizona, que têm sido determinantes em eleições anteriores e onde a competição entre democratas e republicanos continua apertada.
Os colégios eleitorais desempenham um papel fundamental no sistema de votação dos Estados Unidos, e o foco da disputa está em poucos estados decisivos. Com base em modelos eleitorais recentes, ambos os candidatos possuem chances similares de conquistar a maioria dos votos nesses estados-chave, o que torna as previsões incertas. Embora as pesquisas nacionais indiquem tendências, elas não capturam completamente a dinâmica desses estados, onde a corrida pode ser decidida por margens extremamente pequenas.
A composição demográfica e as mudanças nos perfis de eleitores também foram temas relevantes. Estados como a Geórgia têm experimentado mudanças demográficas que podem favorecer os democratas, enquanto em estados como Nevada, as taxas de abstenção estão altas, o que pode impactar os resultados. A tendência de maior participação de jovens e minorias, além da influência de sindicatos, foi destacada como um fator que pode moldar o voto em vários desses estados.
Problemas nas Pesquisas Eleitorais e o Voto Antecipado
Uma das preocupações discutidas no painel foi a precisão das pesquisas eleitorais, que têm enfrentado grandes desafios em ciclos recentes, subestimando consistentemente o apoio ao candidato republicano. Foi mencionado que as pesquisas, especialmente em 2016 e 2020, falharam ao prever o resultado em estados cruciais, como Wisconsin e Ohio. Esses erros podem se repetir, uma vez que muitos eleitores que apoiam o ex-presidente tendem a não responder às pesquisas.
O fenômeno do voto antecipado também foi abordado como um fator que pode influenciar os resultados eleitorais. Embora as estatísticas mostrem um aumento no número de eleitores que votam antes do dia oficial da eleição, há diferenças significativas entre os eleitores democratas, que tendem a votar antecipadamente, e os republicanos, que preferem votar no próprio dia da eleição. Estados como Pensilvânia, por exemplo, não começam a contagem dos votos antecipados até o fechamento das urnas, o que pode criar uma ilusão temporária de vantagem para um dos candidatos.
A contagem de votos e o fenômeno conhecido como “blue shift” (mudança para o azul), que ocorre quando os votos dos democratas aumentam ao longo do tempo conforme os votos antecipados são contabilizados, também foi discutido. Esse cenário gerou acusações de fraude em 2020 e poderia se repetir, trazendo incertezas adicionais ao processo eleitoral e contribuindo para uma narrativa de contestação de resultados por parte de um dos candidatos.
Desafios nas Políticas Internas: Imigração e Economia
As eleições americanas também levantam questões significativas sobre as futuras direções da política interna, em especial a política migratória e econômica. Foi observado que o ex-presidente tende a adotar uma postura mais rígida em relação à imigração, buscando intensificar deportações e limitar a entrada de novos imigrantes. O argumento apresentado é que a redução da força de trabalho imigrante ajudaria a controlar a pressão inflacionária no país.
Em termos de política econômica, a disputa se dá entre uma abordagem mais disruptiva, com possíveis aumentos de tarifas comerciais e políticas protecionistas, e uma abordagem mais moderada, que provavelmente manteria o status quo em termos de acordos comerciais e relações econômicas globais. A questão do comércio com a China é um ponto de grande divergência entre os dois candidatos. De um lado, há uma tendência de intensificação das sanções e tarifas, enquanto do outro, espera-se uma manutenção das alianças internacionais e uma tentativa de melhorar as relações comerciais.
A transição energética e o papel dos combustíveis fósseis também foram discutidos. Enquanto um dos candidatos defende a eliminação de restrições ao uso de combustíveis fósseis, o outro tem uma visão mais voltada para a promoção de energias renováveis e a aceleração da transição para uma economia verde. No entanto, foi ressaltado que, independentemente do vencedor, o setor energético dos Estados Unidos ainda enfrenta desafios significativos e depende de decisões políticas de longo prazo.
Política Externa: Relações com China, Rússia e a OTAN
Em relação à política externa, o painel destacou as profundas implicações que o resultado das eleições pode ter para as relações dos Estados Unidos com potências como China e Rússia. Um dos candidatos adota uma postura mais agressiva em relação à China, favorecendo sanções e aumentando a pressão econômica. Esse enfoque disruptivo poderia intensificar as tensões comerciais, especialmente em setores como o tecnológico, onde há uma crescente disputa pelo domínio no mercado de semicondutores e energia limpa.
Por outro lado, as relações com a OTAN também foram apontadas como um tema sensível. A possibilidade de uma retirada de apoio à OTAN e a desconfiança em relação aos aliados europeus foram mencionadas como preocupações que podem desestabilizar a aliança militar ocidental. No que diz respeito à Rússia e à guerra na Ucrânia, a visão política do atual governo tende a ser mais alinhada ao apoio contínuo à Ucrânia, enquanto uma mudança na administração poderia sinalizar uma abordagem mais conciliatória com o presidente russo.
A questão de Taiwan também foi abordada, com preocupações sobre um possível bloqueio por parte da China, o que poderia levar os Estados Unidos a considerar uma resposta militar. No entanto, foi destacado que há uma resistência considerável do público americano à ideia de enviar tropas para solo estrangeiro, seja no contexto de Taiwan ou na guerra na Ucrânia, o que limita as opções de ação militar do governo.
Resumindo em um parágrafo ou mais
O painel Eleições Americanas mostrou que o resultado da eleição nos Estados Unidos terá amplas implicações, tanto para a política interna quanto para as relações internacionais. O sistema de colégios eleitorais e a dinâmica dos estados-pêndulo continuam a ser elementos cruciais na definição do resultado, enquanto a crescente polarização do eleitorado aumenta a incerteza sobre o que esperar no dia da eleição.
Além disso, a influência das políticas de imigração, comércio e energia, bem como a postura dos Estados Unidos em relação à China, Rússia e a OTAN, são temas que serão diretamente moldados pela eleição. Independentemente do vencedor, o impacto dessas eleições será sentido no cenário global, com potenciais mudanças nas alianças internacionais, nas políticas econômicas e no papel dos Estados Unidos como líder global. O cenário permanece incerto, mas as decisões tomadas nos próximos meses terão consequências duradouras para o futuro da ordem mundial.
Esperamos ter ajudado com esse resumo do painel e estamos sempre à disposição!
Equipe Comunicação Externa & Pesquisa MZ
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