No dia 14 de outubro, o Itaú BBA promoveu o evento Macro Vision 2024, com o objetivo de discutir as principais perspectivas e temas relevantes para o mercado de capitais. A programação contou com sete painéis, que abordaram questões macroeconômicas globais, as eleições presidenciais nos Estados Unidos, riscos fiscais, inteligência artificial, entre outros tópicos importantes.
A MZ, comprometida em empoderar o profissional de Relações com Investidores, seja com tecnologia de ponta e atendimento excepcional, seja através da disseminação de conteúdos relevantes como esse, irá compartilhar resumos de cada painel do evento. O segundo painel contou com a presença de Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil (BACEN), que trouxe importantes considerações sobre as estratégias adotadas pelo BACEN, o impacto do cenário econômico global no Brasil e os desafios enfrentados para alcançar as metas de inflação. A discussão girou em torno de tópicos como o ajuste nas projeções de crescimento econômico, a inflação acima das metas e o papel da política monetária no combate a esses desafios.
Projeções de Crescimento
Um dos primeiros pontos abordados por Gabriel Galípolo foi a revisão das projeções de crescimento econômico do Brasil nos últimos anos. Segundo Galípolo, a economia brasileira tem apresentado um desempenho melhor do que o esperado, mesmo diante de uma taxa de juros em patamares restritivos. O diretor do BACEN mencionou que, desde sua entrada no Comitê de Política Monetária (Copom), a expectativa era de que o hiato do produto, uma medida que indica o grau de utilização da capacidade produtiva da economia, passaria a mostrar sinais de desaceleração. No entanto, a realidade foi marcada por sucessivas surpresas positivas no crescimento econômico, o que levou o BACEN a revisar suas projeções e a reconhecer a presença de um dinamismo econômico mais forte do que o previsto.
Essa situação de crescimento econômico persistente, mesmo com juros elevados, é vista como um fator que dificulta o controle da inflação, especialmente em setores como serviços, que têm sido particularmente resistentes à desaceleração. Galípolo destacou que, embora a inflação de serviços tenha recuado ligeiramente, ela permanece acima da meta estabelecida, refletindo a resiliência do mercado de trabalho brasileiro, que está em seu nível mais apertado da história recente, com baixas taxas de desemprego.
Expectativas de Inflação
Em relação às expectativas de inflação, Galípolo ressaltou a importância de manter o foco no horizonte relevante para a política monetária, que no caso atual se estende até o primeiro trimestre de 2026. O BACEN monitora atentamente as projeções de inflação e ajusta suas ações com base nas variáveis que afetam a economia, como o mercado de trabalho, o câmbio e fatores externos, como os conflitos geopolíticos que elevam o preço do petróleo e as questões climáticas que impactam a safra agrícola brasileira.
Divergência entre a política brasileira e a de outras nações
Outro tema relevante discutido no evento foi a divergência entre a política monetária brasileira e a de outras economias emergentes. Enquanto muitos países estão cortando suas taxas de juros, o Brasil mantém uma política monetária mais conservadora, com juros elevados. Segundo Galípolo, essa diferença reflete ciclos econômicos distintos, com o Brasil ainda enfrentando desafios de inflação mais persistente, o que justifica a manutenção de uma política monetária mais apertada. Essa postura cautelosa visa garantir que a inflação converja para a meta de 3%, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Política Fiscal e Monetária
Uma parte significativa do debate também foi dedicada à relação entre a política fiscal e a política monetária. Galípolo ressaltou a importância de uma coordenação entre essas duas áreas para garantir a estabilidade macroeconômica do país. Ele explicou que, embora o BACEN tenha autonomia para definir a política monetária, é essencial que as decisões fiscais não interfiram negativamente nos esforços para controlar a inflação. O risco de dominância fiscal, em que a política fiscal sobrepõe-se à monetária, foi mencionado como uma preocupação, já que uma política fiscal expansionista pode anular os efeitos de uma política monetária restritiva.
Por outro lado, Galípolo também apontou que o impulso fiscal tem ajudado a sustentar o consumo e a demanda agregada no Brasil, o que contribui para o dinamismo da economia. Políticas públicas como a valorização do salário mínimo e o crédito para as famílias têm desempenhado um papel importante nesse cenário, mantendo o consumo em níveis elevados. No entanto, ele alertou para o fato de que uma política fiscal descontrolada pode comprometer a capacidade do BACEN de atingir suas metas de inflação.
Em relação à taxa de câmbio, Galípolo discutiu o desempenho fraco do real em comparação com outras moedas emergentes. Ele explicou que o BACEN adota uma postura de não intervenção no câmbio, permitindo que ele flutue livremente, exceto em casos de disfuncionalidade no mercado ou volatilidade excessiva. Embora o câmbio seja uma variável importante para a inflação, o BACEN não busca controlar diretamente a taxa de câmbio, concentrando-se em suas projeções de inflação e nas condições da economia real.
Inovações
O evento também abordou o tema das inovações implementadas pelo BACEN nos últimos anos, como o sistema de pagamentos instantâneos (PIX) e o open banking. Galípolo destacou que essas inovações foram cruciais para melhorar a eficiência do sistema financeiro brasileiro e aumentar o acesso ao crédito e aos serviços bancários. Ele mencionou que a agenda de inovação do BACEN continuará sendo uma prioridade, com foco em parcerias com o setor privado para desenvolver soluções que beneficiem a população.
Por fim, o evento trouxe uma reflexão sobre a comunicação do BACEN com o público. Galípolo reconheceu que a política monetária é uma área técnica e muitas vezes de difícil compreensão para o público em geral. Ele afirmou que o BACEN tem trabalhado para tornar suas comunicações mais claras e acessíveis, buscando reduzir os ruídos que podem surgir devido à falta de entendimento sobre os processos internos do Banco Central e suas decisões de política monetária.
Resumindo em um parágrafo ou mais
O painel “Resumos da Política Monetária no Brasil” forneceu uma visão abrangente dos desafios enfrentados pelo BACEN na condução da política monetária em um contexto de crescimento econômico resiliente e inflação persistente. Gabriel Galípolo destacou a importância de uma postura conservadora, com juros elevados, para controlar a inflação e garantir que as metas estabelecidas sejam alcançadas. A coordenação entre política fiscal e monetária foi ressaltada como um fator crucial para o sucesso da política econômica do país, e a agenda de inovações do BACEN foi vista como um elemento essencial para modernizar o sistema financeiro brasileiro.
Em um cenário global de incertezas, com ciclos econômicos distintos entre os países, o Brasil continua a trilhar um caminho próprio, ajustando suas políticas de acordo com as realidades internas e os desafios externos. O evento deixou claro que o BACEN está comprometido com a transparência e com a adoção de medidas que assegurem a estabilidade econômica, mesmo em meio às complexidades do cenário atual.
Esperamos ter ajudado com esse resumo do painel e estamos sempre à disposição!
Equipe Comunicação Externa & Pesquisa MZ
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