25º Encontro de RI | Painel 5
Inteligência Artificial aplicada à Área de RI: Status Atual e Perspectivas
Moderadora: Fernanda Montorfano, Sócia da Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados
Palestrantes:Diego Barreto, CEO do iFood, e Jéssica Regina, fundadora da Financ.IA
–
Entre os dias 24 e 25 de junho de 2024 foi realizado o 25º Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, no Teatro B32, em São Paulo. Entre os diversos temas discutidos durante o evento, estava o painel sobre “Inteligência Artificial aplicada à Área de RI – Status Atual e Perspectivas”.
A Inteligência Artificial (IA) é um tema que vem ganhando espaço sobre sua aplicabilidade em diversos setores de nossas vidas, sendo assim, esta discussão não poderia ficar de fora do âmbito de relações com investidores.
Diego Barreto, trouxe uma reflexão crítica ao mercado brasileiro, empresas brasileiras não investem fortemente em inovação e desenvolvimento. Porém, se faz necessário um compromisso real com essa transformação.
Para elucidar, Diego compartilhou sua experiência do iFood, a empresa começou a investir fortemente em IA após visitas à China, país que é referência em inovação tecnológica e desenvolvimento de IA. Uma das primeiras medidas internas foi a criação de um Data Lake, uma base única de dados, que viabilizou um aumento da produtividade e análises mais eficazes dentro da empresa. Alinhado ao propósito da empresa, o Ifood capacitou seus colaboradores em linguagem de programação SQL (Structured Query Language) para que a implementação fosse eficiente.
Nesse sentido, Jéssica Regina, ressaltou que um dos principais problemas encontrados para o início da implementação da IA nas empresas é a resistência dos profissionais em adotar novas tecnologias, mas que o sucesso na implementação de uma IA depende da qualidade dos dados e da capacitação dos profissionais. Na mesma linha de Diego, ela também frisou a importância de um Data Lake bem estruturado, para centralizar e organizar os dados de diversas áreas da empresa, facilitando a comunicação e o fluxo de informações.
Um conselho que Jéssica deixou ao público é para que pessoas fora da área de tecnologia estudassem minimamente programação e olhassem a tecnologia com um olhar mais amigável. Pois a inovação tecnológica é constante e precisamos nos manter atualizados. É necessário uma mudança de Mindset, nos adaptar.
Na prática, como a IA pode auxiliar os profissionais de Relações com Investidores? Há diversas situações, por exemplo, com uma organização eficiente do Data Lake é possível que a contabilidade para divulgação trimestral de resultados seja fechada em poucos dias, liberando tempo para o time de RI se focar na análise e criação de estratégias.
Outro exemplo palpável é a utilização de IA para elaboração de textos, uma mesma mensagem pode ser divulgada, porém com linguagens diferentes para sua base de stakeholders, uma linguagem para o investidor institucional, para o investidor pessoa física, para os seus conselheiros e etc.
Ou então, a IA, por meio do Machine Learning, tem a possibilidade de te ajudar a compreender se você está de acordo com o exigido na regulamentação da CVM.
Além disso, com o fato dela ser criativa, ao questionar uma IA, ela pode te ajudar na identificação de pontos cegos e na geração de novos insights, potencializando o trabalho do time de RI.
De modo geral, o Brasil está em atraso com a implementação da IA nos negócios e consequentemente na área de relações com investidores, seja por insegurança ou falta de visão de futuro. Nossas companhias ainda não se moveram nesse sentido, e isso é considerado um atraso tecnológico, em como utilizamos a tecnologia para nos auxiliar nas tomadas de decisões, na identificação de padrões e previsibilidade de demandas.
O impacto de produtividade é grande com a utilização de IA. As empresas precisam olhar para essa tecnologia como um investimento e não como um gasto. Por isso, segundo Barreto, os profissionais de RI precisam trazer luz a esse tema junto de seus acionistas e os fazer compreender que há uma necessidade de inovação, de investimento em um time de dados robusto, para construção dessa IA. Pois, quem investir primeiro terá uma vantagem competitiva muito grande.
Adriano Ramos & Karoline Judice
Relações com Investidores