25º Encontro de RI | Painel 4
Mudanças Contábeis – S1 e S2: Regras IFRS a serem adotadas
Moderador: Alexsandro de Lima Tavares, Presidente da CANC – Abrasca e Gerente de Contabilidade da Renner
Palestrantes: José Augusto Mendes Lobato, Gerente de Educação Corporativa no Grupo Report, Luiz Murilo Strube Lima, Gerente de Políticas e Procedimentos Contábeis na Petrobras, Reinaldo Oliari, Sócio de Audit & Assurance na Deloitte, e Vania Borgerth, Vice Coordenadora de Relações Internacionais no CBPS
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Na última terça-feira (25), a MZ esteve presente em mais um Encontro de Relações com Investidores (RI), realizado pela Abrasca e IBRI, que está na sua 25ª edição.
O evento que começou na segunda-feira (24) trouxe no segundo dia o Painel intitulado “Mudanças Contábeis – S1 e S2 – regras IFRS a serem adotadas”, apresentado por José Augusto Mendes Lobato, Gerente de educação corporativa no Grupo Report; Luiz Murilo Strube Lima, Gerente de Políticas e Procedimentos Contábeis na Petrobras; Reinaldo Oliari, Sócio de Audit & Assurance na Deloitte; e Vania Borgerth, Vice coordenadora de Relações Internacionais no CBPS; moderado por Alexsandro de Lima Tavares, Presidente da CANC – Abrasca e Gerente Sênior de Controladoria nas Lojas Renner.
A apresentação do tema do tema foi feita pelo Sr. Reinaldo, que explanou quais serão as mudanças aplicadas às normas da IFRS Fundation. As chamadas S1 e S2 estabelecem diretrizes claras para a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade. Esses padrões têm como objetivo criar um referencial global para práticas empresariais sustentáveis, combatendo práticas de greenwashing e promovendo uma maior transparência.
IFRS S1: Diretrizes Gerais de Sustentabilidade
- Governança: As empresas devem identificar os responsáveis pela supervisão dos riscos e oportunidades relacionadas à sustentabilidade.
- Estratégia: As entidades precisam estabelecer como gerenciam riscos e oportunidades, abrangendo desde o modelo de negócios até o impacto financeiro e a resiliência.
- Gerenciamento de Riscos: Explicitar quais são os riscos para executar as estratégias traçadas, definindo claramente os critérios para curto, médio e longo prazo.
- Métricas e Metas: As empresas devem divulgar como monitoram e medem seu desempenho em relação aos riscos e oportunidades identificados.
IFRS S2: Foco nas Mudanças Climáticas
- Riscos Físicos: Incluem eventos adversos ao meio ambiente, como desastres naturais ou acidentes químicos.
- Riscos de Transição: Envolvem mudanças decorrentes de novas regulamentações ou de transformações tecnológicas que podem impactar as operações.
- Oportunidades: Refere-se ao desenvolvimento de novas tecnologias, produtos ou processos que podem surgir em resposta às mudanças climáticas.
Os requisitos de divulgação para o IFRS S2 incluem:
- Governança: Estabelecimento de processos para monitorar e supervisionar riscos e oportunidades relacionados ao clima.
- Estratégia: Criação de estratégias para gerenciar os impactos no balanço patrimonial, demonstração de resultados e fluxo de caixa devido às mudanças climáticas.
- Gerenciamento de Riscos: Integração dos processos ESG (ambientais, sociais e de governança) aos processos gerais de gerenciamento de riscos, para monitorar riscos e oportunidades climáticas, bem como supervisioná-los.
- Métricas e Metas: Monitoramento contínuo do progresso em relação às metas estabelecidas, sejam elas voluntárias ou regulatórias.
Estabelecer um padrão reconhecido internacionalmente é essencial para garantir que todas as empresas sigam regras e normas verificáveis, evitando o greenwashing e promovendo práticas genuinamente sustentáveis. O Brasil tem se destacado como pioneiro na adoção dessas normas desde a virada do milênio, onde adotou os padrões da IFRS Fundation, com os órgãos reguladores nacionais se adaptando e aprendendo a aplicar esses novos padrões que, no futuro, poderão servir de benchmark para o restante do mundo.
As empresas são incentivadas a preparar profissionais na gestão que estejam capacitados para implementar essas normas da melhor forma possível. A ideia de incluir um profissional de ESG dentro das equipes de RI é uma necessidade que surge, dado que a complexidade dos normativos IFRS exige especialização. Contadores e profissionais de RI podem não ter todos os recursos necessários para cumprir sozinhos tais normas, destacando a necessidade de um processo mais robusto e especializado. Uma equipe multidisciplinar parece ser o melhor plano.
A aplicação das novas diretrizes será obrigatória a partir do exercício social de 2026 e a publicação do Relatório a partir de 2027. As companhias que se voluntariam a publicá-lo antes da obrigatoriedade se posicional a frente como vanguardistas, e serão elas que servirão de modelo para outras de seu setor. Por isso, as empresas são encorajadas a aproveitar os próximos dois anos para criar e ajustar esses relatórios, preparando-se para o cumprimento dessas futuras exigências. Enquanto não há a obrigação, as companhias contam com diversos reliefs, e podem contribuir com as audiências públicas, colocando suas posições e contribuindo para a construção de melhores práticas.
O Painel ressaltou a relevância de uma comunicação transparente e de uma estratégia unificada para lidar com os desafios decorrentes das mudanças climáticas e aproveitar as possibilidades proporcionadas pelas recentes regulamentações de sustentabilidade. A conformidade com tais diretrizes não é meramente uma exigência regulatória, mas também uma chance para as empresas demonstrarem seu compromisso com posturas comerciais responsáveis e transparentes.
Juliana Prado e Rodrigo Lima
Relações com Investidores