25º Encontro de RI | Painel 2
As novas fronteiras da Análise de Mercado: Sell Side e Buy Side
Moderador: Guilherme Setubal, DRI da Dexco e Membro do Conselho de Administração do IBRI
Palestrantes: Emerson Leite, Sócio Fundador CapSigma Investimentos, e Marcio Farid, Vice Presidente da Equity Research Analyst Goldman Sachs
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O debate foi conduzido e mediado pelo Guilherme explorando os principais fatores que fazem com que sell side e buy side enxerguem o RI como principal ponto de comunicação com o mercado no que se refere às estratégias das companhias.
A palestra iniciou com uma pergunta sobre as principais mudanças do mercado nos últimos 5 anos e já nessa primeira questão os entrevistados mostraram suas visões diferentes. Enquanto Farid acredita que não houve muita mudança no mercado em si, mas na forma como a comunicação é feita, o Emerson já entende que uma mudança aconteceu, principalmente na forma como o investidor se relaciona com a empresa. Atualmente, quem investe numa companhia não depende apenas das informações que são passadas durante uma reunião, pois elas já tem acesso a outras formas de conhecer o negócio, a empresa e a estratégia da mesma, podendo inclusive confirmar se algo que foi falado durante uma conversa é correto ou não. Farid ressaltou a importância do contato direto entre RI e Investidores, voltando inclusive ao uso maior do telefone para as interações do que e-mail ou whatsapp.
Ambos concordaram que a importância da credibilidade do papel do RI é muito maior do que se imagina, já que essa credibilidade é o fator fundamental para a tomada de decisão. Além disso, é essencial que o RI atue como porta voz do C-level, e deve ter uma comunicação clara, transparente, alinhando as expectativas, traduzindo os números e atuando com sensibilidade.
Mesmo em momentos em que as notícias não são muito boas, a empresa precisa manter essa comunicação muito clara, inclusive ambos palestrantes concordam que e é exatamente nesse momento que o RI precisa estar mais ativo e disposto, pois isso só fortalece e mostra como faz parte da cultura da empresa reconhecer o erro. Guilherme enfatiza: “A falta de informação gera muito mais dúvida”.
Ainda nesse tema, foi abordado sobre a importância de uma política de honestidade da empresa para que o RI possa construir um relacionamento com os investidores baseado na transparência das informações.
Passando para a pauta da aplicação da Inteligência Artificial no mercado, Emerson acredita que o uso desse recurso pode gerar ganho de produtividade nas análises, encontrar padrões de comportamento e até de números que não estão claros para a mente humana.
A empresa que tiver melhor acesso a esses recursos tendem a ter melhor share. Porém as empresas que estão a frente (grandes players) desse tema atualmente utilizam de dois grandes fatores: poder computacional e acesso a dados, além de conseguirem analisar os dados de modo mais assertivo. E já seguindo na linha da primeira pergunta sobre as mudanças no mercado, será necessário ter dentro dos times não apenas profissionais de finanças, mas também outros relacionados ao TI e análise de dados.
As empresas precisarão entender como essas informações poderão ajudar na tomada das decisões e aquelas que já sabem usar esses dados estão na frente.
Voltando ao ponto sobre o time de RI todos do painel concordaram que ele é o principal canal de acesso com a empresa e novamente abordaram a importância da transparência e clareza na comunicação. Saber se colocar no lugar tanto do sell side quanto do buy side, ter total conhecimento do negócio e das estratégias. É necessário entender as particularidades de cada um, mas no final do dia fazer com que a mesma informação seja passada para todos e de forma uniforme, independente de ter um analista mais importante que outro. O RI precisa fazer a ponte entre a estratégia e os números apresentados, ter consistência na comunicação para criar credibilidade.
Durante a palestra também foi abordado o tema de guidance e da importância dele para as análises. Marcio iniciou a sua fala comentando que o guidance ajuda se estiver de acordo com a história da empresa e a forma que ela faz negócio. Então as empresas precisam dar guidance realista e consistente com a entrega de resultados. Em complemento, Emerson, menciona que o guidance ajuda a nivelar a informação para os investidores. Para os investimentos de longo prazo, poucas pessoas vão tomar decisão com relação às projeções de longo prazo.
O buy side está muito mais preocupado com o que pode dar certo e gerar lucro e o que pode dar errado na empresa.
Finalizando o painel, Guilherme perguntou aos palestrantes o que eles consideram um bom programa de RI e quais os principais documentos que eles analisam. Farid afirmou que as informações divulgadas no Brasil são muito maiores e os dados mais detalhados que em outros países. Ele reforça a importância do contato 1:1, pois durante o call de resultados não se consegue entender o que se passa na cabeça do C-level. Quanto mais o management estiver disponível para essa interação, melhor, incluindo as visitas locais e Investor Day. Emerson novamente concordou o quão importante é ter acesso ao time de RI para entender melhor o negócio, estratégia, incentivo e etc. O RI pode esclarecer e ter mais detalhes sobre números que podem não ter ficado tão claros ou redondo. Em algumas situações falar com o CEO é importante, mas o RI consegue atender o buy side com eficiência.
Daniele Almeida e Vânia de Oliveira
Relações com Investidores