25º Encontro de RI | Painel 1
Digital Verde – Aspectos Regulatórios e não Regulatórios: O que as Empresas podem esperar?
Moderador: Renata Oliva, Presidente do Conselho de Administração do IBRI
Palestrantes: Flavia Mouta, Diretora de Emissores da B3, e João Pedro Nascimento, Presidente da CVM
–
No dia 24 de junho, acompanhei um painel durante o evento “Encontro de RI” do IBRI, que proporcionou uma visão aprofundada sobre como práticas sustentáveis estão moldando o futuro dos negócios no Brasil. Como executiva de contas na MZ foi uma oportunidade valiosa para entender sobre responsabilidade corporativa e oportunidades de mercado.
Foi unanimidade entre os palestrantes que o Brasil tem uma grande oportunidade de se alavancar no cenário global. Muitas companhias ainda aguardam para distribuir valores mobiliários e apesar dos juros altos, estamos experienciando um mercado atraente para ofertas de dívida.
Atualmente, 700 companhias estão registradas, mas apenas 400 estão na B3, com 300 esperando a recuperação econômica para emissão.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) busca simplificar a agenda de emissores e investidores e desejar criar na sustentabilidade uma agenda de recompensas posivitas, que proporcione ao emissor uma captação com maior valor agregrado.
Foram discutidas importantes regulamentações e iniciativas, como a Resolução 193, que trata de relatórios de sustentabilidade, e a Resolução 175, que considera ativos ambientais como ativos financeiros para fundos de investimento. Além disso, práticas digitalizantes, como a integração dos mercados de capitais ao open finance do Banco Central, estão facilitando a portabilidade e transferência de custódia dos investimentos, simplificando o compartilhamento de informações.
A B3 está se dedicando a oferecer produtos relacionados à temática ESG e sustentabilidade, como índices específicos e títulos de dívida. A adoção de boas práticas sociais, governamentais e ambientais pela B3 serve como um modelo de governança e sustentabilidade.
Durante o painel, também foram abordadas as tendências globais em finanças sustentáveis, como o uso de IA para ajudar a mitigar greenwashing e aprimorar a compreensão dos relatórios de sustentabilidade. Allém da modernização e inovação através das fintechs, destacando que o Brasil tem uma oportunidade estratégica nesse campo.
Uma das iniciativas já em andamento é o novo formulário de referência, que visa melhorar a qualidade das informações e aumentar a atratividade e a liquidez das companhias.
Os créditos de carbono também entraram em pauta. A importância da classificação, reporte e auditoria contábil desses créditos foi destacada, além da possibilidade de tokenização e asseguração dos créditos de carbono em seguradoras globais. Foi ressaltada a relevância dos créditos de carbono no contexto brasileiro, especialmente no setor agro, que precisa atender às exigências do mercado europeu.
Foi debatido como agronegócio pode se financiar no mercado de capitais, liberando recursos para pequenos e médios empreendedores e atendendo às demandas de sustentabilidade. Adaptar normas regulatórias internacionais ao contexto brasileiro, ou “tropicalizar” essas normas, é essencial para avançar nessa área.
Participar deste painel foi esclarecedor, me proporcionou uma compreensão mais profunda dos desafios e oportunidades que a sustentabilidade e a digitalização trazem para as empresas brasileiras. A combinação de iniciativas regulatórias e práticas inovadoras oferece um caminho promissor para a construção de um mercado mais sustentável e eficiente no Brasil.
Ana Carol Micheloto
Relações com Investidores