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A Narrativa Estratégica na presença em Índices da B3
Com a divulgação das novas composições dos principais índices da B3 — válidas para o quadrimestre de maio a agosto de 2025 —, reforça-se um tema que vai muito além da simples análise técnica ou curiosidade institucional: estar (ou não) em um índice tem implicações profundas sobre a visibilidade, o fluxo de capital e o custo de capital das empresas listadas.
Para os profissionais de Relações com Investidores (o famoso RI), compreender e atuar estrategicamente em torno desses eventos é mais do que uma obrigação técnica — é uma oportunidade de reforçar a narrativa corporativa, ampliar o engajamento com o sell-side e influenciar, positivamente, a percepção de risco por parte do mercado.
Pensando nisso, a MZ, cujo foco é empoderar o profissional de RI, seja com tecnologia de ponta e atendimento excepcional, ou por meio da disseminação de conteúdos relevantes, divulgou o Estudo Atualização das Carteiras dos Índices da B3 para maio a agosto de 2025, que oferece um panorama abrangente sobre as alterações nas carteiras dos principais índices da bolsa brasileira, como IBOVESPA, IBrX100, MLCX, SMLL, IDIV, ISE, IGPTW, IDIVERSA e IFIX. Os dados, além de informativos, fornecem insumos preciosos para a atuação estratégica do RI, especialmente em um momento em que a busca por diferenciação narrativa e ancoragem de valor é essencial para atrair e reter investidores.
O Que Muda nas Carteiras de Maio a Agosto de 2025?
O estudo da MZ traz destaques relevantes. No Ibovespa, por exemplo, Direcional (B3: DIRR3) e SmartFit (B3: SMFT3) entraram e as empresas do Novo Mercado representam 65,6% das empresas no índice, com destaque para as empresas do setor Energia Elétrica, com 13,8% do total. No IBrX100, temos a entrada da EcoRodovias (B3: ECOR3), que valorizou mais de 55% no ano. Já o índice MLCX, que teve a entrada do Carrefour (B3: CRFB3) – mesmo que por pouco tempo, teve um desempenho de 11,2% no ano.
O SMLL, índice de small caps, apresentou uma movimentação significativa com 4 empresas entrando, totalizando 115 companhias presentes no índice, sendo as do setor Varejo correspondendo a 16,5% do total.
No IDIV, índice focado em pagadoras de dividendos, todas as novas empresas registraram valorização no ano, com destaque para Plano & Plano (B3: PLPL3), com alta de 41% em 2025. No ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), além da valorização consistente das novas integrantes, a Sabesp (B3: SBSP3) se destacou como a com maior volume médio negociado dentre elas.
Tais dados não são meras estatísticas: eles constroem o pano de fundo para decisões de alocação de recursos por parte de investidores institucionais e fundos passivos, além de servirem como termômetro da atratividade e consistência da estratégia de capital das companhias.
Por Que Estar em um Índice Importa?
A inclusão (ou exclusão) de uma empresa em índices como o IBOVESPA ou o SMLL não se traduz apenas em manchetes. Ela impacta diretamente o fluxo de capitais, uma vez que muitos fundos passivos (ETFs e fundos de índice) são obrigados a ajustar suas carteiras de acordo com as alterações nas composições dos benchmarks. Além disso, para gestores ativos, a presença da empresa em determinados índices serve como um sinal de liquidez, governança e atratividade.
A consequência direta é a variação no custo de capital da companhia. Empresas incluídas em índices tendem a experimentar um aumento de liquidez, maior cobertura de analistas e maior facilidade para emitir novos instrumentos de dívida ou capital a taxas mais favoráveis. Por outro lado, companhias excluídas podem ver sua base de investidores minguar, sua narrativa se enfraquecer e seu risco percebido aumentar — exigindo maior retorno por parte do mercado.
A Relevância do Profissional de Relações com Investidores
Nesse contexto, o papel do profissional de RI ganha destaque. Cabe a ele traduzir os fatos contábeis e estratégicos da companhia em uma narrativa compreensível, crível e atrativa para o mercado. A inclusão em um índice não é apenas um dado operacional, mas um ativo reputacional que pode (e deve) ser trabalhado na comunicação com investidores.
Um RI estratégico deve:
- Monitorar continuamente as regras de composição dos índices;
- Antecipar cenários de entrada ou saída;
- Comunicar proativamente essas mudanças ao mercado, explicando seus impactos e contextualizando as movimentações;
- Articular com áreas internas para fornecer os dados necessários que reforcem os pilares de elegibilidade (governança, liquidez, sustentabilidade etc.);
- Aproveitar a presença em índices como argumento de valor em roadshows, earnings releases, investor days e apresentações institucionais.
Em especial, quando se trata de índices como o ISE ou o IDIVERSA, o RI tem a oportunidade de integrar a agenda ESG à narrativa financeira, demonstrando como sustentabilidade e desempenho podem caminhar juntos — um argumento poderoso na redução do custo de capital, especialmente junto a investidores institucionais.
Narrativa, Transparência e Redução do Custo de Capital
Diversos estudos acadêmicos e empíricos já demonstraram que a clareza, consistência e transparência na comunicação com o mercado influenciam a percepção de risco, o valor da empresa e, portanto, o custo de capital. Empresas que atuam de forma proativa na construção de sua imagem e narrativa — especialmente quando reforçam a presença em índices relevantes — tendem a se beneficiar com spreads menores, maior cobertura de analistas e acesso mais fácil a recursos.
O próprio Estudo da MZ mostra que as empresas que entraram nos índices em 2025, em sua maioria, apresentaram valorização nos meses anteriores, indicando que há uma correlação entre bom desempenho, visibilidade e inclusão. Mais do que isso, essa valorização se reforça após o anúncio das novas carteiras, à medida que fundos ajustam suas posições e o mercado responde com otimismo às entradas.
Esse é um ciclo virtuoso que o profissional de RI deve saber explorar: desempenho leva a inclusão, que leva a mais fluxo, que leva a melhor avaliação de risco, que leva à redução do custo de capital — desde que bem comunicado.
Casos Práticos de Comunicação Estratégica
Imagine uma companhia que acaba de entrar no IDIV. O RI pode (e deve):
- Produzir um release destacando a entrada e explicando o que o índice representa;
- Compartilhar um post no LinkedIn institucional com dados sobre dividendos pagos nos últimos anos;
- Realizar um vídeo com o CFO comentando a importância da distribuição de dividendos na estratégia de capital da empresa;
- Atualizar a seção de ESG e governança do site de RI com menção ao índice.
Essas ações simples reforçam a narrativa de valor e demonstram alinhamento com o mercado — elementos que contribuem diretamente para atrair investidores de longo prazo e melhorar a percepção de risco.
Por outro lado, se uma empresa for excluída de um índice, o RI não deve se esconder. É possível contextualizar a saída (por mudança metodológica, por exemplo), sinalizar esforços de recuperação e, principalmente, reforçar os pilares de longo prazo que continuam sólidos. A transparência nesse momento é ainda mais valorizada e um RI ativo faz toda a diferença na suavização dos impactos de curto prazo e garantindo os retornos no longo prazo.
Concluindo em um parágrafo ou mais
A análise das novas carteiras dos índices da B3, como apresentada no estudo da MZ, mostra que muito além de números e códigos de negociação, os índices funcionam como verdadeiros espelhos do que o mercado valoriza em cada momento: liquidez, governança, sustentabilidade, performance ou dividendos.
Para as empresas, estar presente nesses índices é um sinal claro de credibilidade e atratividade. Mas para colher os frutos dessa presença — seja maior liquidez, visibilidade, cobertura de analistas ou redução do custo de capital — é fundamental contar com uma área de Relações com Investidores ativa, estratégica e bem preparada.
O RI precisa ir além da função de tradutor de resultados: ele deve ser curador de narrativa, arquiteto de percepção e embaixador institucional da companhia. É ele quem ajuda a transformar fatos em valor — e, neste contexto, índices são oportunidades que não devem passar em branco.
Esperamos ter ajudado com informações sobre esse Estudo que consideramos muito importante para as companhias e para o universo de RI. Para saber mais sobre ele, clique aqui e acesse a página do Estudo. Qualquer dúvida, já sabem, estamos por aqui, sempre à disposição! 😉
Equipe Comunicação Externa & Pesquisa MZ
Sobre a MZ
A MZ (www.mzgroup.com.br) é o maior player global independente e o líder em soluções de relações com investidores (RI).
A Companhia, fundada em 1999, ultrapassou a marca de 2.000 websites publicados, servindo atualmente mais de 800 empresas e gestoras de investimento em 12 bolsas de valores.
Com o propósito de empoderar estratégias de RI, a MZ entrega tecnologias inovadoras e atendimento excepcional aos clientes, assegurando parcerias de longo prazo.